É impressionante como a ideologia do "ser perfeita' contamina as pessoas, desestabilizando-as. Você já deve ter sido vítima daquele sentimento de inferioridade que surge quando não conseguimos corresponder ao modelo ideal. É isso mesmo: àquele modelo que a sociedade prega como sendo o politicamente correto.
Lembra da ameba do "tem que"? Pois bem, ela adora o verbo dever. Por exemplo: você deveria ser organizada, você deveria ser eficiente etc. É essa linha de raciocínio que abala a auto-estima e provoca desamor e autodesvalorização.
Todo mundo sofre disso: "Não sou linda o suficiente"; "Não sou inteligente o suficiente". Gente, isso é desprezo, é abandono. A história é um tanto complexa: de repente, você se pega se achando a pior das criaturas, pois se deixou levar por meras fantasias e ilusões. Acaba tendo vergonha de si mesma porque não é XYZ, se esconde, mente, não se assume, se despreza e se trata pessimamente mal.
E, ao tentar copiar o modelo, o resultado é comprometedor, já que você se transforma numa pessoa desengonçada e sem graça. Por fim, vem a dor na alma. Se você não é como "deveria" ser, vem a autopunição, a autocondenação. "Você não vale nada" é a frase que fica rondando a sua cabeça.
Agora preste atenção: a dor sempre é um sinal de alerta para alguma coisa que está errada e manda a consciência tomar as devidas providências. Ela é um aviso extraordinário de que nós temos de aprender a observar. A dor serve para que mantenhamos a integridade do nosso organismo.
Se nós nascêssemos sem a sensibilidade da dor, não duraríamos muito. Ou seja, todas as dores emocionais, nesse caso, sinalizam que a cabeça está fazendo algo disfuncional, desintegrado do sistema, algo que precisa ser consertado. Significa que você está adotando o "deveria", e o "deveria" é inadequado à sua saúde emocional.
No entanto, se você não dá chance ao "deveria", vai se sentir bem melhor. Experimentará uma sensação de bem-estar. Significa, portanto, que está adotando uma postura adequada. Se não tivesse a pretensão de querer ser, começaria, inclusive, a enxergar a si mesma.
Você pode, por exemplo, não ser uma pessoa bonita dentro dos padrões - o que isso importa? Mas pode ser uma pessoa gostosa. Quem não gosta de gente gostosa? Pronto, é isso o que você é e ponto final. Enquanto você der atenção a essas exigências que a sociedade impõe, suas qualidades ficarão escondidas sob uma cortina de idealizações.
É engraçado como existem mulheres maravilhosas, cultas e até bem-sucedidas que caem nessa armadilha. Isso é realmente perigoso, pois, se você se deixa dominar por esses pensamentos, acaba não vendo mais nada.
E o pior: dificilmente terá sucesso em suas empreitadas. Lembre-se de que nada sai bom se você se desvaloriza, se anula. Deixe o ideal de lado e diga para si mesma: não quero o modelo, quero a minha dignidade, a minha natureza, quero ser eu, quero me assumir, ser autêntica.
Quando se tem o prazer de ser quem se é, tudo flui às mil maravilhas. Pode perceber: quando você se dá o devido valor, quando se ama, se gosta, a vida caminha de uma maneira prazerosa e saudável, plena de realizações.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
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