sexta-feira, 30 de abril de 2010

A pintura dos dois anjos

No ano de 1476, dois homens conversam no interior de uma igreja medieval. Param por alguns minutos diante de um quadro que mostra dois anjos, de mãos dadas, descendo em direção a uma cidade.
- Estamos vivendo o terror da peste bubônica – comenta um deles. – Pessoas estão morrendo, não quero ver imagens de anjos.
- Esta pintura é sobre a Peste – diz o outro. – É uma representação da Lenda Áurea. O anjo vestido de vermelho é Lúcifer, o Maligno. Repara como ele tem, preso ao cinto, um pequeno saco: ali dentro está a epidemia que tem devastado nossas vidas e as vidas de nossas famílias.
O homem olha a pintura com cuidado. Realmente, Lúcifer carrega uma pequena sacola; entretanto, o anjo que o conduz tem uma aparência serena, pacífica, iluminada.
- Se Lúcifer traz a Peste, quem é este outro que o leva pela mão?
- Este é o anjo do Senhor, o mensageiro do Bem. Sem sua permissão, o Mal jamais poderia se manifestar.
- O que está fazendo, então?
- Mostrando o local onde os homens devem ser purificados por uma tragédia.

A busca espiritual em mares desconhecidos

Nenhuma religião consegue sobreviver apoiada apenas em milagres.
Os milagres podem ser o começo de um encontro, mas a natureza humana logo se acostuma com o sobrenatural, e passa a tratá-lo de maneira displicente.
A busca espiritual sobrevive porque existem pessoas capazes de aventurar-se no mar desconhecido. Claro que, além de coragem, é preciso ter paciência para escutar os comentários irônicos daqueles que acham que a razão é capaz de resolver todos os problemas humanos.
Certa vez, um produtor da televisão inglesa BBC procurou o padre franciscano Agnellus Andrew, exigindo uma prova da existência do céu e do inferno.
A resposta veio curta e direta: “É simples: basta morrer”.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Vença o baixo-astral

Ninguém está isento de passar pela depressão.
Eu sou uma dessas pessoas, por exemplo.
Aliás, uma das coisas que têm me ajudado bastante é lidar com o meu desapontamento.
Como nos decepcionamos! Esperamos tanto das pessoas, às vezes até das mais queridas, mas elas não têm condições de dar ou não querem dar, afinal, são livres pra não querer. E eu aceito isso? Você aceita? Não, gente, nós não aceitamos.
O que realmente me ajudou muito a sair da depressão foi não esperar. Não esperar nada de ninguém. Muita coisa vem; é muito bom. Outras não; nesse caso, eu parei de me julgar 'pobre de mim'. E como eu posso, inclusive, me desapontar comigo mesmo, também não espero muito de mim.
Você é capaz de parar de esperar que você seja uma pessoa dessa ou daquela forma? Eu tenho uma fórmula boa pra isso. Repita e assimile: "Eu me aceito como sou. Sou assim mesmo e posso me fazer companhia. Aceito que tenho uma série de adjetivos que são considerados inadequados ou chamados de defeitos e fraquezas. Mas é o que sou, é o jeito que eu sei fazer. Quero estar bem comigo. Os outros não fazem por mim. Eu me viro e vivo bem."
Ah, como é gostoso isso, não é mesmo? Essa atitude de se virar é bárbara porque a vida oferece milhões de saídas que a gente nunca espera. Você já reparou como existem muitos recursos ocultos? Observe bem: quando você está numa situação delicada, uma série de coisas podem acontecer para lhe tirar dali ou ainda lhe indicar um caminho. Esta coluna, por exemplo. Ela chegou a você. De repente, você está super pra baixo e este texto está lhe dando uma mensagem que pode aliviar sua tristeza. Viu só? Então...
Existem muitos recursos na vida que nos garantem a certeza de dizer assim: "É, aconteça o que acontecer, eu me viro, eu vou arriscar". Ah, que coisa boa, cara leitora. Uma das grandes chaves para sair da depressão é arriscar.
Outra pergunta importante: Você faz tudo por si? Ah, porque para sair desse buraco tem de fazer tudo por si. A profundidade que você está na depressão corresponde ao esforço que tem de fazer para tirar-se dali. Jogue com tudo! Diga para si mesma: "Eu não vou mais ter esperança com ninguém. Cada um dá o que dá, faz o que faz. Eu aceito o que é. Se a pessoa é grossa, tudo bem. Se é sensível ou rude, tudo bem. As pessoas são como são. Vou me soltar".
Definitivamente não há problemas em lidar com problemas! Vamos supor que algo não deu certo na sua vida e, de repente, você tem que enfrentar algo desagradável. Então, o que você vai fazer? Eu decidi que vou encarar e dane-se, porque é difícil mesmo. Eu vou e posso ficar calmo e relaxado enquanto estiver encarando. Não preciso ficar com ódio nem revoltado. Vou encarar numa boa e seguir em frente. Ai, que alívio! Essa postura tira completamente a depressão.
Muito bem, coloque uma coisa em mente: a gente vai ter sempre que enfrentar algo na vida. Agora, enfrente-a com boa vontade, com bom sentimento, com o seu melhor. A vida não caminha, mesmo, de acordo com os nossos sonhos. E não faz mal. O importante é que ela vai e que há sempre um mistério que pode nos surpreender.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sonhe

Um dia uma criança chegou diante de um pensador e perguntou-lhe:
”Que tamanho tem o universo?”
Acariciando a cabeça da criança, ele olhou para o infinito e respondeu:
”O universo tem o tamanho do seu mundo.”
Perturbada, ela novamente indagou:
”Que tamanho tem meu mundo?”
O pensador respondeu:
”Tem o tamanho dos seus sonhos.”
Se seus sonhos são pequenos, sua visão será pequena, suas metas serão limitadas, seus alvos serão diminutos, sua estrada será estreita, sua capacidade de suportar as tormentas será frágil.
Os sonhos regam a existência com sentido.
Se seus sonhos são frágeis, sua comida não terá sabor, suas primaveras não terão flores, suas manhãs não terão orvalho, sua emoção não terá romances.
A presença dos sonhos transforma os miseráveis em reis, faz dos idosos, jovens, e a ausência deles transforma milionários em mendigos faz dos jovens idosos.
Os sonhos trazem saúde para a emoção, equipam o frágil para ser autor da sua história, fazem os tímidos terem golpes de ousadia e os derrotados serem construtores de oportunidades.
Sonhe!"

sábado, 10 de abril de 2010

O jogral de Nossa Senhora

Conta uma lenda medieval que, com o Menino Jesus nos braços, Nossa Senhora resolveu descer à Terra e visitar um mosteiro.
Orgulhosos, todos os padres fizeram uma grande fila, e cada um postava-se diante da Virgem, procurando homenagear a mãe e o filho. Um declamou belos poemas, outros mostraram suas iluminuras para a bíblia, um terceiro disse o nome de todos os santos. E assim por diante, monge após monge mostrou seu talento e sua dedicação aos dois.
No último lugar da fila havia um padre, o mais humilde do convento, que nunca havia aprendido os sábios textos da época. Seus pais eram pessoas simples, que trabalhavam num velho circo das redondezas, e tudo que lhe haviam ensinado era atirar bolas para cima e fazer alguns malabarismos.
Quando chegou sua vez, os outros padres quiseram encerrar as homenagens, porque o antigo malabarista não tinha nada de importante para dizer e podia desmoralizar a imagem do convento. Entretanto, no fundo do seu coração, também ele sentia uma imensa necessidade de dar alguma coisa de si para Jesus e a Virgem.
Envergonhado, sentindo o olhar reprovador dos seus irmãos, ele tirou algumas laranjas do bolso e começou a jogá-las para cima, fazendo malabarismos – que era a única coisa que sabia fazer.
Foi só neste instante que o Menino Jesus sorriu, e começou a bater palmas no colo de Nossa Senhora. E foi para ele que a Virgem estendeu os braços, deixando que segurasse um pouco a criança.

Prece de Matthew Henry

Matthew Henry é um conhecido especialista em estudos bíblicos. Certa vez, quando voltava da Universidade onde leciona, foi assaltado. Naquela noite, ele escreveu a seguinte prece:
Quero agradecer em primeiro lugar, porque eu nunca fui assaltado antes.

Em segundo lugar, porque levaram a minha carteira, e deixaram a minha vida.
Em terceiro lugar, porque, mesmo que tenham levado tudo, não era muito.
Finalmente, quero agradecer porque eu fui aquele que foi roubado, e não aquele que roubou.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Os segredos do universo masculino

Você já parou para pensar em quanto tempo da sua vida gastou pensando em homens ou em qualquer tema relacionado a eles? Pois é, leitora, em geral esse é o assunto número 1 das mulheres. Mas veja só que ironia: vocês falam a respeito deles o tempo todo, mas ainda não conseguiram entender como eles agem, funcionam ou pensam. Aliás, as queixas do “sexo frágil” em relação aos parceiros costumam ser sempre as mesmas: “gostaria que ele fosse mais compreensivo”, “queria que ele entendesse mais os meus sentimentos”, “adoraria ter mais atenção”, e por aí vai. Mas sabe o que eu acho? Que, na verdade, vocês querem outra mulher! Isso mesmo: um homem que se comporte como uma mulher. Esqueçam! O sexo masculino é muito diferente. Ele é simples e fácil, mas é preciso levar em conta uma base muito importante: o pênis. Para o homem, esse membro tem de estar sempre ereto. Além de rijo, ele deve penetrar e ejacular. Quando isso não se concretiza, não há reprodução humana. A natureza deu ao homem essa urgência sexual. Se isso não fosse mais forte que a mente dele, ele não iria funcionar e... adeus, humanidade! Então, vamos à primeira lição: o desejo sexual no homem é realmente exagerado e vai continuar sendo dessa maneira ao longo de vários e vários séculos. Assimile esse fato, porque é a parte erótica que rege a afetividade dele. Na prática, o amor para ele tem de ser físico. Quando ele fala que quer transar com você, por exemplo, está também dizendo “eu te amo”, “eu te quero”. Sim, chega a ser meio selvagem, mas é um processo totalmente natural. Afinal de contas, nesses momentos ele está sob a influência da sociedade, que faz dele um reprodutor funcional. Existe fidelidade? A resposta é sim, se ele estiver realmente envolvido e tiver a necessidade carnal satisfeita. Nesse caso, ele será um parceiro e tanto — um companheiro terno, carinhoso e romântico. Procure, então, cultivar junto dele uma vida sexual ativa e saudável. E quando vocês brigarem, jamais “negue fogo” como forma de punição, porque ele interpretará essa atitude como uma desastrosa rejeição. Falta de amor mesmo! Resultado: ele tende a procurar uma amante. Sim, eu sei o quanto é difícil para vocês, mulheres, separarem o sexo do lado emocional. Aliás, qualquer probleminha psicológico pelo qual vocês passam é suficiente para comprometer o apetite sexual. Mas se quiserem preservar esse relacionamento terão de incorporar uma boa dose de leveza na vida, sobretudo nos assuntos do coração. Pois é, pessoal, o que eu quero que vocês entendam é que os sexos masculino e feminino têm dinâmicas muito diferentes. Mas o mais importante é saber que é possível cultivar o entendimento e a felicidade entre eles. Para isso, é necessário escapar de más interpretações. Não, o homem não é um tipo sem-vergonha que só pensa “naquilo”. Ele está simplesmente sob a influência dos próprios hormônios. Enfim, tenho ainda muito a dizer a vocês sobre o “bicho homem”.

Uma questão de tempo

Um judeu ortodoxo aproximou-se do rabino Wolf:
- Os bares andam cheios, e as pessoas varam a madrugada divertindo-se!
O rabino nada respondeu.
- Os bares andam cheios, as pessoas passam a noite em claro jogando cartas, e o senhor não diz nada?
- É bom que os bares andem cheios – foi o comentário de Wolf – Todo mundo, desde o princípio da criação, sempre desejou servir a Deus. O problema é que nem todos sabem a melhor maneira de fazê-lo. Procure julgar o que acha pecado, como se fosse uma virtude. Estas pessoas que passam a noite em claro estão aprendendo a permanecer despertas e persistir em algo. Quando se aperfeiçoarem nisso, tudo que terão que fazer é voltar seus olhos para Deus. E que servos excelentes eles serão!
- O senhor é muito otimista – disse o homem.
- Não se trata disso – respondeu Wolf – Trata-se de entender que qualquer coisa que fazemos, por mais absurda que pareça, pode nos levar ao Caminho. É tudo uma questão de tempo.

A vida

A vida é como uma grande corrida de bicicleta. cuja meta é cumprir a Lenda Pessoal.
Na largada, estamos juntos, compartilhando camaradagem e entusiasmo. Mas, à medida que a corrida se desenvolve, a alegria inicial cede lugar aos verdadeiros desafios: o cansaço, a monotonia, as dúvidas quanto à própria capacidade.
Reparamos que alguns amigos desistiram do desafio, ainda estão correndo, mas apenas por que não podem parar no meio de uma estrada; eles são numerosos, pedalam ao lado do carro de apoio, conversam entre si, e cumprem uma obrigação.
Terminamos por nos distanciar deles; e então somos obrigados a enfrentar a solidão, as surpresas com as curvas desconhecidas, os problemas com a bicicleta.
Perguntamo-nos finalmente se vale a pena tanto esforço. Sim, vale. É só não desistir.
É tudo uma questão de tempo.