quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dulce e a paz

Num bar em Buenos Aires Estou com a escritora venezuelana Dulce Rojas, tomando um café em Buenos Aires; discutimos sobre a ideia da paz, que tem andado muito distante do coração humano. Dulce então me conta a seguinte história: Um rei ofereceu um grande prêmio para o artista que melhor pudesse retratar a ideia da paz. Muitos pintores enviaram seus trabalhos ao palácio, mostrando bosques ao entardecer, rios tranquilos, crianças correndo na areia, arco-íris no céu, gotas de orvalho em uma pétala de rosa. O rei examinou todo o material que lhe foi enviado, mas terminou selecionando apenas dois trabalhos. O primeiro mostrava um lago tranquilo, espelho perfeito das montanhas poderosas e do céu azul que o rodeava. Aqui e ali se podiam ver pequenas nuvens brancas, e, para quem reparasse bem, no canto esquerdo do lago existia uma pequena casa, a janela aberta, a fumaça saindo da chaminé – o que era sinal de um jantar frugal, mas apetitoso. O segundo quadro também mostrava montanhas. Mas estas eram escabrosas, os picos afiados e escarpados. Sobre as montanhas o céu estava implacavelmente escuro, e das nuvens carregadas saiam raios, granizo e chuva torrencial. A pintura estava em total desarmonia com os outros quadros enviados para o concurso. Entretanto, quando se observava o quadro cuidadosamente, notava-se numa fenda da rocha inóspita, um ninho de pássaro. Ali, no meio do violento rugir da tempestade, estava sentada calmamente uma andorinha. Ao reunir sua corte, o rei elegeu esta segunda pintura como a que melhor expressava a ideia da perfeita paz. E explicou: - Paz não é aquilo que encontramos em um lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho duro, mas o que permite manter a calma em nosso coração, mesmo no meio das situações mais adversas. Este é o seu verdadeiro e único significado.

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